Sindrome das Nove Mães

Deu a louca na TI... aquisições, fusões, terceirizações, andam deixando a galera meio zureta. Para quem acompanha as noticias do setor deve achar o pessoal da TI um bando de loucos.

Tem sempre aquele saudosista que vai concordar comigo, desenvolver códigos bem feitos não era luxo ou preciosismo, era necessidade. Os computadores tinha 2KB, 8KB e 16KB ou a maravilha de 64KB com 1MHz em um processador de 8bits. Ninguém mais sabe o que é isso, Bits, Nibble e Bytes.

Alias KB que agora virou KiB. (KiB até então era aquela iguaria árabe feita de carne moida) isto porque agora é muito difícil fazer cálculo na Base 2 de cabeça.

Mas a galera que gostava de programar comprava aquelas revistas de programação, como Input, Micros Sistemas. Aqueles cartões de referência (que por sinal uso até hoje) para aprender mesmo, escovar bit mesmo. Bons livros ainda eram raros.

Ai quando o hobby virou profissão, livro com Yourdon, Meilir Page-Jones, Ramalho, Herbert Schild eram o "how-to" para melhorar sua codificação de programas cada vez mais complexos até chegar ao ápice de Donald Knuth com sua série The Art of Computer Programming, que iniciou em 1968 ou seja muito tempo que pessoas como Dr Knuth se preocupam com os algoritmos, bem estruturados e eficientes.

Com o tempo, o KB's viraram MB's, que viraram GB's, que viraram TB, que viram PB e por ai vai. Nesse mundão digital que hoje nossos computadores pessoais, profissionais e smartphone contém são necessários programas, sistemas para que eles façam sentido e ai que o caldo entorna.

Antigamente desenvolver programas e sistemas era uma arte, desenvolver aquele sistema que funcionava rápido nos poucos MHz que tínhamos para caber nos Kb que então. Quanto teste de mesa?

Com o tempo isso foi se perdendo, automatizando a geração de código, arrasta para lá, arrasta para cá se criou um abismo entre o hardware e o peopleware. Poucos hoje são os que conseguem ir de um ao outro como se dirigisse na sua cidade sem GPS.

Quem escrevia os códigos eram os programadores e os analistas de sistemas, vejam vocês analisavam!!! Hoje é analista disso, analista daquilo, uma babel onde ninguém se entende mais. Ai entram as siglas para definir como e quem fazem o que. RUP, PMI, ITIL, Cobit, SCRUM, Métodos Ágeis e por ai vai, tentando cada um achando que é melhor que os outros. Enquanto o pobre usuário que queria apenas uma planilha para calcular seus custos fica pagando fortunas para um simples sistema que atenda suas expectativas.

Precisa ter processo? Sim, precisa ter, qual metodologia? A que funcionar para você. Processos são orgânicos e se criam independente de uma metodologia ou outra, padrões balizam o caminho que eles seguem mas hoje as grandes corporações querem adotá-los ipses literis, com a falsa garantia de que o processo é compliant com alguma coisa.

Na teoria tudo bonitinho, diagrama disso, daquilo mas quando o sistema tem que se materializar. Meu Deus!!! Na prática a teoria é outra. O trinômio, prazo, custo, tempo nunca fecha.

Ai começam os absurdos, vamos contratar mais gente. Contrata-se mais gente. E a coisa não melhora, tem muita gente... vamos terceirizar. Mas está muito cara essa terceirização, vamos ter funcionários especialistas mais engajados ao invés de terceiros... contrata tudo de novo. Programação sempre foi uma área de cérebros não de braços.

O processo de desenvolvimento de sistemas com seu principio básico de uma ou mais entradas realizarem um operação devolvendo um resultado. Processos bem definidos e estruturados tem um tempo mínimo execução para garantir todas as premissas de um bom sistema. Robusto, tolerante a falhas, com qualidade e dentro do custo.

Porém tem sempre um espertinho que quer cortar custos, qualidade para entregar mais rápido e acabam gerando mais retrabalho e mais custo e tempo das pessoas.

Comentando isso com colegas outro dia saiu a máxima analisando como seria criado o novo sistema: "Nesse caso será que nove mulheres gerariam uma criança em um mês".

Esse é o nosso dia-a-dia... E mesmo assim os sistemas continuam sendo desenvolvidos porque ainda existem pessoas com boa vontade que conhecem tecnologia e a aplicam com sabedoria e ainda acreditam no sistemas.

Uma grande semana

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